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Lixo será fonte de energia em Mato Grosso

Mato Grosso pode ganhar usina de energia renovável gerada a partir da conversão de biomassas (energia de matéria orgânica) e resíduos sólidos urbanos. Os projetos visam a produção de biogás e biometano em cidades no Médio-Norte do estado. Os dois estão em fase de estudos de viabilidade econômica pela Companhia Mato-grossense de Gás (MT Gás), com previsão de entrega em novembro deste ano.

 “Queremos saber se empresas locais têm condições de suprir a demanda de consumo industrial, porque se isso for viável, como é nossa expectativa, os custos vão cair bastante, já que não será necessário trazer esses produtos de fora para abastecê-los”, prevê Rafael Reis, presidente do MT Gás.

Facilitar o acesso a fontes energéticas mais baratas é um desafio para o Estado. Hoje, Mato Grosso está entre os estados que pagam mais caro pela energia elétrica, o que já se tornou uma velha queixa de setores como a indústria e agropecuária.

Esforços para aumentar o fornecimento de energias de fontes renováveis crescem à medida em que o custo com as não-renováveis (hidrelétrica e térmicas) aumenta no país. Dentre essas alternativas está a conversão de resíduos do agronegócio e lixo dos aterros sanitários em combustíveis: biogás e biometano.

Os estudos realizados em Mato Grosso avaliam a possibilidade de transformar o aterro sanitário do município de Sorriso e o bagaço da cana-de-açúcar, sobras da atividade industrial em Nova Mutum, em energia sustentável e barata para a indústria local. Para isso, um termo de cooperação foi firmado entre o MT Gás, governo do Estado, Senai e as empresas Sanorte Saneamento Ambiental Ltda, de Sorriso, e Uiza Usina de Etanol e Açúcar, de Nova Olímpia.

Conforme o MT Gás, o aterro de Sorriso possui 15 bocas de chaminés, nas quais é feita a queima do biogás há mais de dois anos. Ou seja, desperdiçando um valioso biocombustível. Na época, esse procedimento foi adotado para evitar geração de gases inflamáveis, como o metano que é liberado na decomposição e pode ocasionar explosões. Dar destino certo aos resíduos corrigirá o desperdício desses recursos.

“Temos que aproveitar o potencial existente no município. Para isso, estamos fazendo os estudos que vão identificar o volume de biogás gerado por dia no aterro, a qualidade e composição desse gás e onde poderá ser aplicado na região de atuação”, explica César Miranda, secretário de Desenvolvimento de Mato Grosso (Sedec).

Em Nova Olímpia, caso confirmada a viabilidade de produção do biometano, a cidade ganhará uma usina de biodigestores para o bagaço de cana. A ideia é atender demandas dos municípios vizinhos como Diamantino, Tangará da Serra, Barra do Bugres, Nova Marilândia, dentre outros.

O estudo irá identificar onde pode ser empregado o gás, o tamanho da demanda na região e qual o modelo de entrega mais eficaz para o MT Gás aplicar. Os levantamentos devem ser concluídos em até quatro meses.

COMO FUNCIONA – A conversão dos resíduos gera biogás, que passa por processos diferentes (purificação ou limpeza) antes de ser utilizado para gerar energia de formas diversas. No processo de purificação, o biogás pode ser utilizado como biometano, compatível com o gás natural. O biometano também pode ser usado como combustível veicular, substituindo o diesel. Já no processo de limpeza, o biogás dá origem à energia elétrica ou calor.

Atualmente, há 26 plantas de biogás em Mato Grosso. Destas, 12 plantas são novas, registradas em 2020, mas nenhuma delas atua com subprodutos de aterro sanitário.

De acordo com Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), o Brasil tem um potencial de produção de biogás suficiente para suprir 35% do consumo da energia elétrica ou 70% do consumo de diesel, mas usa apenas 2% do potencial instalado.

Priscilla Silva  | Estadão Mato Grosso

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