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Tiro e queda de 28 de maio de 2020

Chegou aquele dia que ninguém esperava, mas chegou. Ontem foram registradas as duas primeiras mortes de vítimas da Covid. O primeiro caso na verdade aconteceu na semana passada, quando um detento da cadeia pública de Alta Floresta acabou falecendo após sentir as consequências da doença. O detento tinha 76 anos de idade.

O segundo caso, é de uma senhora de 73 anos e que contraiu a doença após contato com familiares. Há outros integrantes do grupo familiar que também estão com Covid 19, estão em tratamento domiciliar. Uma segunda pessoa da família chegou a ser internada, mas pelas informações que chegaram à nossa redação, o caso não evoluiu para gravidade.

O susto, o medo, a falta de informações mais concretas sobre a doença e sobre o que se está fazendo para combater a epidemia em Alta Floresta é muito grande.

Especialistas do mundo inteiro apontam o isolamento social como única forma de conter o corona vírus. Entretanto há pessoas que negam estas evidências com base em informações de zap zap e disseminam fake news de modo criminoso e até macabro.

Alta Floresta, por incrível que pareça, logo nos primeiros dias da pandemia, criou medidas protecionistas que deram resultado, a Covid chegou em várias cidades brasileiras, em várias cidade de Mato Grosso, mas aqui não se via este impacto.

Entretanto, pressionado pelo setor econômico, o prefeito cedeu através de um decreto liberando em meados de abril, várias atividades não essências, até aglomerações em igrejas que ele mesmo havia bloqueado. MPE, MPT e Defensoria agiram rápido e sugeriram a suspensão do decreto sob pena de o prefeito ter que arcar com as consequências das mortes que poderiam surgir com o relaxamento.

Entretanto (outro entretanto), a Câmara de Alta Floresta resolveu bancar uma lei de libera geral e, atendendo (por unanimidade) uma proposta do presidente Emerson Machado, aprovou lei que não só flexibilizou o comércio, mas também relaxou por completo o distanciamento social. O toque de recolher foi ampliado para as 23:30h e as lanchonetes que no decreto que havia sido suspenso, poderiam funcionar até as 18 horas, tiveram seu horário ampliado quase que ad eternum, ou você acha mesmo que os fiscais da prefeitura que já são poucos iriam sair às ruas à noite para verificar a falta de cumprimento das medias sanitárias?

Pior ainda, se de dia os fiscais enfrentam a ira das pessoas que são abordadas por descumprir condições mínimas como o uso da máscara, imaginem a noite, depois que o cidadão bebe umas e outras? Quem arriscaria a vida para abordar uma pessoa tomada pelo álcool e tentar fazer com que ela coloque uma máscara? O Emerson Machado e sua lei libera geral achavam ser possível. O resultado está aí para todos verem.

O pior de tudo é quando a pessoa é covarde. Emerson Machado é homem público. É vereador eleito, inclusive com meu voto (faço aqui questão de registrar que votei nele nas eleições passadas). Ele tem obrigação de dar explicações à sociedade sobre seus atos, sobre os atos da Câmara à qual ele representa na condição de presidente.

Pois bem, ontem a noite, após os registros das mortes, o repórter do Jornal O Diário, Bruno Felipe, manteve contato por meio de aplicativo de whats App, perguntando-lhe sobre medidas que poderiam ser tomadas para melhorar o isolamento social, informou que se tratava de uma reportagem e que fazia (ele já sabia disso) parte da equipe do Jornal O Diário. O que o covarde fez? Bloqueou nosso repórter.

Senhor Emerson Machado, seria leviano da minha parte querer aqui colocar na sua conta as duas mortes que ocorreram ontem e outras que infelizmente podem acontecer, afirmar que as mortes ocorrem por causa da “LEI EM” que o senhor propôs e que seus pares, TODOS, votaram favoráveis. Enfim afirmar que é por causa dessa lei que essas pessoas morreram, seria leviana, afinal, as mortes por Covid 19 se somam neste país abandonado pelos políticos, porém, Emerson Machado, o senhor precisa ter um mínimo de dignidade e atender a imprensa, conversar com a população, explicar as suas ações, expor o que pode e deve ser feito.

O jornal O Diário está aberto às suas respostas sobre esse tema. Se a sua covardia impede que o senhor nos atenda pessoalmente, mande estas respostas por sua assessoria. Deixo aqui algumas perguntas.

– Há alguma possibilidade de a Câmara recuar em relação à Lei que liberou o comércio indiscriminadamente, especialmente em relação ao toque de recolher?

– O que a Câmara de Vereadores está fazendo de real para conter o Coronavírus?

– Já passou pela sua cabeça, como ordenador de despesas da Câmara, destinar alguma verba para ajudar no combate ao coronavirus?

Se o senhor puder responder, estamos à disposição, mas fazemos um pedido, deixa de covardia e não bloqueie mais ninguém do Jornal O Diário. Faço este pedido como editor chefe deste veículo de imprensa, mas também o faço como cidadão, pagador de impostos (teu salário também sai da minha conta) e principalmente como ex-eleitor seu, ex- e arrependido, diga-se de passagem.

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