Bruno Felipe / Da Reportagem
Autoridades do governo de Cuba anunciaram recentemente que cerca de 8 mil profissionais que atuam no programa “Mais Médicos” e que prestam serviços no Brasil retornarão antes do final do ano ao país de origem. Representantes dos ministérios de Saúde Pública e do Transporte informaram, através de nota publicada na internet, que há um plano para o regresso “ordenado e seguro” dos médicos, que começará no final da próxima semana e deve terminar em meados de dezembro. Na última quinta-feira (15), um grupo de 196 médicos cubanos retornou ao país.
A reação ocorre no momento em que o governo de Cuba anunciou o rompimento da parceria por não aceitar as exigências do presidente eleito Jair Bolsonaro, que questionou a sua preparação e condicionou a presença dos profissionais no Brasil à obrigatoriedade de eles se submeterem à revalidação do título. A participação dos médicos cubanos no projeto “Mais Médicos” começou em 2013, no mandato da então presidente Dilma Rousseff, com o objetivo de garantir o atendimento de saúde a comunidades desfavorecidas em favelas e regiões pobres.
A decisão de Cuba pode deixar 28 milhões de pessoas sem assistência médica, sobretudo, em regiões mais desfavorecidas e de difícil acesso, alertam organizações de saúde de todo o país. Dos 3.228 municípios atendidos pelo programa, 611 correm risco de ficar sem nenhum profissional na rede pública a partir do Natal. Em Mato Grosso, 132 médicos cubanos que atuam em 55 municípios devem deixar de realizar o atendimento no estado. Ao todo, são 258 médicos que trabalham em 102 cidades mato-grossenses através do programa. Somente em Alta Floresta, existem três médicos cubanos, segundo dados publicados no site maismedicos.gov.br.
Nas cidades de Colíder, Aripuanã, Marcelândia e Cotriguaçu também contam atualmente com três médicos cubados. Em Peixoto de Azevedo, Juruena, Juína e Nova Canaã, existem dois médicos cubanos em cada. Vale ressaltar que uma das cidades de MT que possivelmente mais sofrerá com o desfalque de médicos será Tangará da Serra, já que o município conta atualmente com a presença de 25 profissionais vindos de Cuba. Vale frisar que não há a confirmação das possíveis cidades do MT que ficarão sem a presença do profissional de Cuba.
Na semana passada, a Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgou notas em que demonstrou preocupação com a saída dos profissionais cubanos do programa. Segundo a entidade, foi feito um apelo ao Ministério da Saúde e à Presidência da República para que novas medidas sejam apresentadas até sexta-feira (23/11). Vale ressaltar que a CNM protocolou ofício na Embaixada de Cuba solicitando a permanência dos profissionais cubanos até o fim do ano, bem como a abertura de negociação com a confederação e o governo brasileiro para que busquem alternativas para garantir o atendimento à população brasileira.