Na reta final da colheita da soja em Mato Grosso, a cotação média da oleaginosa alcançou R$ 69,15 a saca (60 kg) no Estado no fechamento desta semana, aponta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No mesmo período do ano passado, a saca de soja alcançava preço médio de R$ 49,42, valor que confirma alta anual de 40%. No sul do Estado, em Rondonópolis, por exemplo, a oleaginosa chegou a ser cotada em R$ 75,30.
A expectativa dos produtores mato-grossenses é que o grão valorize mais nos próximos dias, em resposta à conjuntura do mercado internacional, favorável às exportações brasileiras. Como observam os analistas do Imea no boletim semanal divulgado na última segunda-feira (9), a China, que é o principal cliente de Mato Grosso no mercado externo, anunciou a intenção de tarifar diversos produtos norte-americanos, inclusive soja.
A medida é uma resposta à decisão anterior dos Estados Unidos de sobretaxar produtos chineses. A imposição das sanções refletem tanto nas exportações norte-americanas da oleaginosa quanto no mercado internacional como um todo, “visto que os EUA figuram como 2º maior fornecedor mundial de soja”, pontuam os analistas do Imea. “Estas incertezas vêm gerando instabilidades no mercado, trazendo reflexos diretos às cotações na CME (Bolsa de Chicago) e ao prêmio pago nos portos brasileiros, deixando os produtores na expectativa de qual será o desfecho deste cenário”.
Produtor de soja com experiência acumulada de 40 anos, Leonildo Bares, lembra que o mercado da soja sofre interferências também da quebra de safra na Argentina e até mesmo no sul do Brasil. “A Argentina perdeu com a falta de chuvas o equivalente à safra do Paraná e com isso os preços subiram”.
O problema é que os preços da oleaginosa são atrelados ao pacote tecnológico das lavouras, diz ele. “O mercado é bandido. Se a soja sobe, os insumos também encarecem. Isso afeta o pequeno produtor, que já vendeu quase toda a safra”. Para garantir resultados financeiros melhores, o segredo é investir recursos próprios na safra. “Comecei custeando 10% da safra com capital próprio e hoje já planto 50% assim”.
Com a melhora nas cotações desde março, a comercialização da soja foi impulsionada. Atualmente cerca de 71,47% da safra 2017/2018 está comprometida. O percentual representa avanço mensal de 9,85 pontos percentuais na venda. “Neste momento, após um atraso ao longo dos últimos meses, a evolução das negociações se recupera e fica 8,17 p.p. à frente à do mesmo período na safra 2016/2017 e 0,61 p.p. acima da média dos últimos 5 anos”, comentam os analistas do Imea, em trecho do último boletim semanal.(AgroNotícias)