O procurador-geral de Justiça, Mauro Benedito Pouso Curvo, destacou o trabalho do Ministério Público Estadual (MPE) em ações contra o ex-governador Silval Barbosa e seus ex-secretários antes que fossem fechados acordos de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“O ex-governador Silval Barbosa e os ex-secretários, eles não fizeram essas delações depois que foram à Igreja, saíram de lá e conversaram com o pastor, com o bispo, se arrependeram e resolveram confessar e delatar quem estava envolvido nesses esquemas”, disse o chefe do MPE.
“Eles fizeram isso por conta de ações do Ministério Público, que angariou provas, que levaram a sustentar os pedidos de prisão deles, que os mantiveram presos. E depois que eles viram que não tinham outra saída, se continuasse do jeito que vinham seriam condenados, eles optaram pelo caminho da delação, que a lei prevê”, completou Mauro Curvo.
Desde que Silval, Silvio Cesar Correa Araújo, seu ex-chefe de gabinete, além de sua esposa, Roseli Barbosa, seu filho Rodrigo Barbosa e seu irmão, Antonio Barbosa, fecharam acordos de colaboração premiada com a PGR, o MPE vem pedindo para que os documentos sejam compartilhados com o órgão estadual de investigação.
O ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf e o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, também fecharam acordos com o Ministério Público Federal. Parte da delação de Nadaf já foi compartilhada para os processos correspondentes no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Nas ações das três primeiras fases da Operação Sodoma e também da primeira fase da Operação Seven, Silval e os demais delatores foram reinterrogados pela juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. As oitivas, de acordo com Mauro Curvo, teriam prevenido prejuízos pela falta dos documentos que ainda devem ser enviados pelo Supremo Tribunal Federal.
No dia 15 de dezembro, Selma Arruda sentenciou a ação da primeira fase da Sodoma, condenando o ex-governador a 13 anos e sete meses de prisão.
Mauro Curvo pregou cautela do MPE para não se adiantar com relação a fatos narrados nas delações, evitando que pessoas que devem à Justiça acabem sendo inocentadas por erros nos processos.
“Não podemos nós aqui, no afã de querer demonstrar que está agindo, pegar partes e não o quebra-cabeças inteiro montado e sair tomando providências em cima de partes. Seria irresponsabilidade. Se a gente faz isso e amanhã descobre que faltou uma prova essencial e essa prova está lá na delação que a gente não teve acesso, e a pessoa é absolvida, você não tem como ficar emendando as coisas no meio do caminho”, afirmou.