O ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), confirmou – em entrevista à Rádio Capital FM – que existiu uma reunião entre o governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-chefe do Executivo, Silval Barbosa (PMDB), antes do período eleitoral. Segundo ele, foi uma “conversa extremamente republicana” e não houve nada de ilegal ou imoral nisto: “Não é proibido pedir ajuda”. Por fim, ainda disse que as imagens de deputados recebendo propina são muito fortes e marcantes e lembram o episódio do ‘mensalão’.
Mauro frisa que, antes de tudo, é necessário reconhecer que “o ex-governador cometeu dezenas e dezenas de crimes. A delação não o torna um mocinho. Nunca fui coordenador financeiro do Pedro Taques, posso falar claramente sobre uma reunião bem antes da campanha eleitoral, foi uma conversa extremamente republicana. Falamos de política, cenário, possibilidade, possível candidatura do então senador. Tudo isto durou uma hora e poderia até ter sido transmitido pela internet, porque não haveria problema”.
O ex-prefeito garante que, se for do desejo da Justiça, prestará qualquer esclarecimento, pois não teme a verdade. Sobre as situações apontadas na delação de Silval, Mauro ressalta que “têm situações que são muito difíceis de serem explicadas por alguns atores. Mas temos que ver que quem está acusando hoje é um bandido, portanto, é preciso que se prove. Todos tem o direito de se defender, mas também o dever de explicar”.
O ex-gestor municipal ainda classifica os vídeos em que deputados aparecem recebendo propina que seria paga pelo ex-governador como “muito fortes e marcantes. Lembro do escândalo do ‘mensalão’, quando um funcionário dos Correios foi filmado recebendo dinheiro, aquilo marcou muito. Estas imagens serão da mesma forma aqui, traz um prejuízo muito grande para todos os envolvidos”.
“Para o prefeito de Cuiabá, traz um prejuízo grande para a administração do Emanuel Pinheiro e também para a população. Isso porque perde-se muito tempo concentrado nestas crises e o gestor não consegue focar no bem público. Os fatos são uma realidade, foi divulgado nos principais jornais do país. Espero que todos possam se defender, mas diante destes fatos, que eles possam responder pelo que fizeram ou não”, finalizou Mauro Mendes.
O caso
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) revelou em delação premiada à Procuradoria Geral da República, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ter doado dinheiro para a campanha vitoriosa do governador Pedro Taques e, ainda, se comprometido em não investir na campanha do ex-vereador Lúdio Cabral (PT). É o que revela reportagem da TV Centro América, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso, veiculada no jornalístico MT TV 2ª Edição da noite desta terça-feira (22).
Pedro Taques nega qualquer possível envolvimento, com veemência. O Gabinete de Comunicação de Mato Grosso divulgou nota em que assegura que Taques possui desafetos na vida pública e, nesse contexto, coloca Silval no mesmo patamar do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, e dos ex-deptuados Hildebrando Pascoal e José Geraldo Riva.
Na delação, o ex-governador peemedebista afirmou ter sido orientado pelo então prefeito Mauro Mendes (PSB), de Cuiabá, coordenador financeiro da campanha de Taques, de que era necessário que Silval não investisse na campanha de Ludio Cabral, que tinha como vice a então deputada Teté Bezerra (PMDB), mulher do presidente regional do PMDB, deputado federal Carlos Bezerra.
Barbosa aceitou a proposta, mas teria exigido que o compromisso fosse firmado com Taques, pessoalmente, se comprometendo em não investigá-lo, se eleito. Na denúncia, consta que teriam participado da uma reunião, na casa de Mauro Mendes, além de Silval, também de Taques e o hoje ministro da Agricultura, senador mato-grossense Blairo Maggi (PP).