O depoimento do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) prestados à Delegacia Fazendária (Defaz) e ao Ministério Público Estadual (MPE) deverão ser utilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso (OAB-MT), para apurar possíveis desvios de conduta de advogados envolvidos em escândalos.
Os advogados, que foram secretários estaduais durante o governo de Silval, César Zílio, Pedro Elias e Francisco Faiad – ex-presidente da OAB-MT -, foram presos durante as investigações da Operação Sodoma e posteriormente liberados. Além de serem réus em ações penais sob responsabilidade da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, também respondem a processo interno no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB-MT.
De acordo com o presidente da instituição, Leonardo Campos, a OAB-MT vai requerer à juíza cópia os depoimentos do ex-governador, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 13 de junho.
“Como há menção de advogados, de praxe, nós requeremos o depoimento para averiguar. Nestes casos, mais ainda, pois existem processos instaurados. É natural que esses depoimentos que mencionem advogados, venham para o processo [interno]”, disse Campos ao Circuito Mato Grosso, nesta segunda-feira (19).
Os advogados César Zílio e Pedro Elias (ex-secretários de Administração) são apontados pelo ex-governador de terem atuado, sob a orientação do então chefe do Executivo Estadual, na cobrança e gestão de propina de empresários, para que eles continuassem a executar obras para o Governo do Estado.
Já Faiad, que também ocupou a Secretaria de Administração, é acusado por Silval de ter recebido dinheiro oriundo de desvios de recursos públicos em sua campanha como vice-candidato de Lúdio Cabral (PT) à Prefeitura de Cuiabá, em 2012.
Segundo Silval, o montante recebido pela campanha de Faiad foi de R$ 600 mil e que ele tinha conhecimento da origem ilícita do dinheiro.
Ainda segundo o presidente da OAB-MT, caso as acusações sejam comprovadas, os advogados podem ter uma punição que varia de uma advertência e até a exclusão dos quadros da ordem. No entanto, ele evitou emitir juízos de valores.
“Eu prefiro não comentar, pois estaria emitido algum tipo de juízo de valor que pode prejudicar o andamento de processos aqui na OAB”, disse.