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Foto ilustrativa de um hospital público
Um cirurgião do Hospital Regional de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, foi afastado das funções após operar a noiva na unidade onde trabalhava. O procedimento foi feito na segunda-feira (30). A direção da unidade abriu uma sindicância para investigar o caso. A secretária adjunta de Saúde de Lucas do Rio Verde, Kessily Bruniere Marcondes, noiva do médico, que passou pela cirurgia, alegou que todo o procedimento foi legal e que ela utilizou o hospital público como qualquer outro usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).
Kessily disse ter sido submetida à intervenção, no Centro Cirúrgico da unidade de Sorriso, para a retirada de um nódulo no seio direito.
O médico Iuri dos Santos Viana atua em Porto Velho (RO), Juara, a 690 km de Cuiabá [também na região Norte], Sorriso, onde é terceirizado, e tem um consultório em Lucas do Rio Verde.
O Hospital Regional de Sorriso é administrado pela Secretária Estadual de Saúde (SES) e está em processo de transição para ser administrado por um consórcio formado por empresas privadas, segundo a própria secretaria.
Em entrevista ao G1, Kessily afirmou ter escolhido a unidade de saúde para o procedimento porque o noivo iria dar plantão naquele dia e também porque sua situação de saúde já estava se agravando há algum tempo.
“Nós chegamos às 7h30 da manhã de segunda-feira no hospital. Eu assinei um prontuário e entrei no Centro Cirúrgico. Lá, recebi anestesia local e o médico [noivo] realizou a retirada de um nódulo que eu tinha na mama direita”, afirmou.
Kessily explicou que, após a cirurgia, uma amiga a buscou no hospital e elas voltaram juntas para a cidade. Ela disse ainda que, como prova da intervenção, o nódulo foi enviado para a biopsia no mesmo dia.
O noivo, segundo ela, foi contratado como cirurgião geral pelo hospital de Sorriso e que ele atua também como cirurgião plástico. Sobre o procedimento no hospital público, ela argumentou ser um direito dela, como cidadã.
“Como o hospital é de porta aberta, qualquer paciente pode entrar e ser atendido. E eu escolhi o hospital porque ele é público e, como qualquer pessoa, também tenho o direito de usar em caso de necessidade”, argumentou.
Denúncia
Em nota, a SES informou que a pasta recebeu uma denúncia “relatando o uso irregular do Hospital Regional de Sorriso e do Sistema Único de Saúde, por um dos médicos prestadores de serviço da unidade” e que, depois disso, o profissional foi afastado.
A pasta explicou ainda que, atualmente, a administração do Hospital Regional de Sorriso está sob a gestão da Secretaria de Estado de Saúde, porém, está na fase final um convênio com o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região do Teles Pires, que passará a administrar a unidade.
Consórcio
De acordo com o Consórcio Vale do Teles Pires, responsável pela contratação do médico para o Hospital Regional de Sinop, a empresa não tem controle e nem influência sobre a administração da unidade de saúde. Também em nota, o consórcio explicou que o hospital era administrado pelo governo do estado na data da cirurgia e que a instituição só tomou conhecimento do fato pela imprensa. O consórcio ainda disse que irá apurar o caso junto à direção da unidade de saúde.
CRM
A presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Maria de Fátima Carvalho Ferreira, explicou como funcionam os trâmites administrativos para averiguar se a ética profissional foi infringida. Primeiro, se abre o processo de sindicância, onde são coletadas as provas e as informações. Depois, o caso segue para a fase de julgamento. Nessa etapa, que precede a votação final, o profissional da área médica poderá se defender das acusações, utilizando testemunhas e documentos.
“As penas podem variar bastante. Nós temos as mais brandas, que nós chamamos de ‘linha A’, que é quando o profissional é julgado culpado e aquela marcação entra no registro dele. Nos casos mais graves acontece a suspensão do exercício profissional”, pontuou.
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