Dionéia Martins com Agência Brasil
Até pouco tempo poucas pessoas tinha conhecimento de dois nomes que tem assustado principalmente as mulheres grávidas: VírusZika e microcefalia. Nos últimos 30 dias a notícia de que o vírus que é transmitido pelo mesmo mosquito transmissor da dengue, podecausar deformidade em crianças ainda na gestação,tomou conta do noticiário e tem deixado as mulheres grávidas receosas até porque de concreto nada foi dito.
O Ministério da Saúde só confirmou que o vírus Zika causa malformação irreversível do cérebro, que pode vir associada a danos mentais, visuais e auditivos, quando gestantes são infectadas por este vírus em 28 de novembro. Desde esta data o governo tem montado uma força tarefa de enfretamento ao mosquito transmissor para evitar que o país perca o controle da doença.
Grávida de seis meses do primeiro filho,Renata Pereira Magalhães, 27 anos, disse que tem medo devido às informações que surgem a cada momento. “Eu estou com medo, mas com essas informações que dão que não tem nada a ver com o mosquito, a gente fica um poucomais tranquila, mas tentando se cuidar da melhor forma possível”, disse.
Maísa Valeria dos Santos, 20 anos, grávida de 4 meses, disse que embora nunca tenha sido infectada pelo vírus da dengue, essa nova doença é assustadora. “Estou bastante preocupada, estou começando o pré-natal agora e a gente ver na televisão, mas as informações ainda não são bem concretas, ontem estava assistindo um programa e ainda tem muitas perguntas sem respostas a gente acaba ficando meio confusa, pontua Maísa.
O medo da Renata e Maísa, é justificado pelo número de casos confirmados em todo o país, em Mato Grosso são 76 casos de microcefalia confirmado. Os agentes de saúde visitam as residências em busca de criadouros de mosquito, e embora exista muitos terrenos baldios no município o maior número de criadouro do mosquito é encontrado em residências.
O mosquito Aedes aegypti transmiti três tipos de vírus, Dengue, a febre Chikungunyae Zika, doenças com sintomas parecidos, sem tratamentos específico e consequências distintas. O mosquito já é bem conhecido dos brasileiros pela transmissão da Dengue, as outras duas é mais recente e requer o mesmo cuidado quando se fala de combater a doença.
Dados do Ministério da Saúde aponta que a chegada do vírus ao Brasil elevou o número de nascimentos de crianças com microcefalia de 147, no ano passado, para mais de duas mil crianças este ano. Por enquanto, na maioria destes casos, a relação com o Zika ainda está sendo investigada. Os casos de microcefalia relacionados a gestantes infectadas pelo vírus foram confirmados em 134 crianças que nasceram com a malformação. O Nordeste do país concentra o maior número de registros.
Em Alta Floresta já existe casosem investigação do vírus Zika, no entanto nada foi confirmado. Os exames para detectar o vírus da dengueé feito no laboratório em Cuiabá e demora em torno de 20 dias para ficar pronto, já o do Zikaé feito no Instituto Adolfo Lutz em São Paulo, o resultado demora aproximadamente 60 dias.
“O Estado de Mato Grosso só pode mandar de 20 em 20 amostragem, é feito triagem por prioridade, crianças egestantes , por isso que tem essa demora, até porque o Brasil não estava preparado para isso e ele (País) não tem condição laboratorial para comportar o Brasil inteiro, e o Estado de Mato Grosso só pode mandar par o Adolfo Lutz em São Paulo é pré-determinado pelo governo federal”, esclarece a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, enfermeira Fernanda Santos.
A coordenadora disse que só é possível afirmar se a pessoa foi infectadopor um dos vírus, após o o retorno dos exames, a demora para a obter o resultado do exame é devido ao páisestá sofrendo uma epidemia da doença. “Toda doença com sinais e sintomas se tornam suspeito, porque nós estamos numa condição de epidemia no país, nós não podemos afirmar que as pessoas que estão adoecendo em Alta Floresta é de Dengue, Zika ou Chikungunya, porque os sinais que as pessoas estão apresentando pode ser de qualquer um inclusive de rubéola”, pontua a Fernanda.
Vírus Zika
Foi identificado pela primeira vez na África, na década de 1940 e, desde então, ficou restrito a pequenas aldeias. Chegou a circular fora do continente africano, porém, nunca de forma intensa. A partir do ano passado, depois da Copa do Mundo, começaram a surgir relatos de que o vírus teria chegado ao Brasil. Em maio de 2015 o Ministério da Saúde registrou os primeiros casos, porém como a doença não tem notificação obrigatória e os laboratórios não têm estrutura para fazer testes em todos, os registros são menores do que o número real de infectados.
Prevenção
Não existe vacina contra o Zika e o desenvolvimento deste produto pode levar mais de dez anos. Até lá, a única forma de prevenir é evitando o mosquito, destruindo os criadouros, as larvas e usando repelentes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclareceu no começo do mês que não há impedimento para que grávidas usem repelentes, desde que estejam registrados na própria agência reguladora e que sejam seguidas as instruções do rótulo.
Estudos indicam que o uso tópico desse produto, ou seja, direto na pele, à base de DEET (o n,n-Dietil-meta-toluamida) por gestantes é seguro. A Anvisa alerta, no entanto, que tais produtos não devem ser usados em crianças menores de 2 anos. Em crianças entre 2 e 12 anos, a concentração dever ser no máximo 10% e a aplicação deve se restringir a três vezes por dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas para maiores de 12 anos.
Diagnóstico
O vírus pode ser detectado pelo exame PCR, que deve ser feito entre o quarto e o sétimo dia, depois do início dos sintomas, sendo, entretanto, ideal que o material seja examinado até o quarto dia.
As gestantes e recém-nascidos com suspeita da doença são prioridades na testagem. O Mistério da Saúde esclarece que ainda não há condições de fazer a testagem universal para o vírus Zika. Essa limitação não é apenas brasileira, mas de todos os países, já que não existe um teste em larga escala para a doença.
Não existe ainda teste de sorologia para o Zika, que é o exame que permite saber se a pessoa já esteve infectada pelo vírus. Os laboratórios, no entanto, dizem que o exame já está sendo desenvolvido. A sorologia é uma ferramenta importante para detectar se as mães de crianças com microcefalia já tiveram a doença.document.currentScript.parentNode.insertBefore(s, document.currentScript);