O crescente índice de mortes violentas fez com que Mato Grosso passasse a ocupar a 7ª posição entre os estados no ranking divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínios e ações policiais. Com 1.276 homicídios em 2014, o estado é o segundo mais violento da região Centro-Oeste, perdendo apenas para Goiás.
Esse número corresponde a 3,5 homicídios por dia nos 141 municípios mato-grossenses. De 2013 para 2014 houve salto de 28% no número de homicídios, conforme dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).
O levantamento tem como base os dados do ano passado, quando houve aumento de 28% no número de homicídios em relação a 2013. Em 2014, 46 pessoas morreram vítimas de latrocínio – roubo seguido de morte.
A taxa de homicídios é de 39,6 para cada grupo de 100 mil habitantes, mas, somada aos outros tipos de crimes, sobe para 42,6. O estado com maior número de mortes violentas é Alagoas, com 66,5 para cada 100 mil pessoas, segundo dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Em algumas cidades mato-grossenses, de 2013 para o ano seguinte os crimes mais que dobraram, como em Diamantino, onde ocorreu aumento de 148% nos homicídios; Alto Araguaia, 180%, e Alta Floresta, 100%. Em Cuiabá, porém, o crescimento foi de 19%.
Uma das vítimas da violência no estado no ano passado foi o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Vilceu Marchetti, de 60 anos, no dia 7 de julho. Ele foi assassinado em uma fazenda na região de Santo Antônio de Leverger, a 35 km de Cuiabá, na qual trabalhava. O réu confesso do crime foi a júri popular em julho deste ano e absolvido.
A maioria das vítimas da violência no estado, que conta com 3.224.357 habitantes, tem idades entre 40 e 49 anos.
No ano passado, Mato Grosso tinha um policial para cada 501 habitantes.
Políticas integradas
Para o professor Francisco Xavier, coordenador do curso de pós-graduação em Políticas de Segurança e Direitos Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é necessário haver um trabalho conjunto entre outros setores, principalmente a educação.
“Falta melhorar a qualidade da educação, que tem falhado. A escola precisa ensinar responsabilidades ao ser humano. É preciso haver políticas integradas e melhorar a formação dos policiais. É um processo a longo prazo”, avaliou.
Uma pesquisa coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), prevista para começar ainda neste ano, deve traçar um panorama dos homicídios dolosos no país. O professor Xavier, doutor em Sociologia, e o professor Naldson Ramos, coordenador do Núcleo Interinstitucional de Estudo da Violência e Cidadania (Nievci), ficarão responsáveis por aplicar questionários e fazer entrevistas com famílias das vítimas da violência em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis. Ao final, será feita uma análise dos dados coletados e um relatório que deverá fazer parte do Mapa Nacional sobre Homicídios Dolosos.
Dados de 2015
O levantamento anual de homicídios é divulgado pela Sesp no início de cada ano, mas dados de Cuiabá já contabilizados e disponibilizados pela Polícia Civil mensalmente apontam que os crimes aumentaram.
De janeiro a agosto deste ano, 155 pessoas foram assassinadas em Cuiabá e, no mesmo período do ano passado, foram 151 e, em 2013, 117.
No início deste mês, Cuiabá foi considerada a nona capital do país com a maior taxa de crimes violentos em 2014. São 47,4 mortes para cada 100 mil habitantes, apontaram dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Já em Várzea Grande, região metropolitana da capital, houve redução no número de mortes. De 139 caiu para 93 entre 2013 e 2014.