Com magnitude de 8,3 graus na escala Richter, o terremoto que atingiu o Chile nesta semana deixou a América do Sul em alerta para a possibilidade de novos abalos sísmicos. Apesar da proximidade com o país sul-americano, Mato Grosso possui baixa incidência de sismos perceptíveis registrados. Em todo o Estado, três estações sismológicas monitoram as alterações nas camadas de solo com apoio da Superintendência de Defesa Civil de Mato Grosso. Assim que algo é detectado, as equipes realizam vistoria nos locais para constatar a gravidade do sismo.
Gerente de Mapeamento de Áreas de Risco da Defesa Civil Estadual, José Bruno de Souza Filho, explica que a proximidade geográfica com o Chile não representa grandes riscos para Mato Grosso. Isto porque, o subsolo do Estado é muito mais interligado às camadas internas do Peru do que às chilenas. Souza ressalta que as ondas sísmicas fazem parte de um processo natural geográfico e nada têm a ver com a ação do homem, condições climáticas ou outros fatores.
“O terremoto é uma espécie de acomodação de rochas, que ao se movimentarem na camada mais superficial da Terra ocasionam um rompimento. É como se fosse uma rachadura que vai se aprofundando com o tempo”.
Por meio de uma parceria com a Universidade de Brasília (UnB), Mato Grosso conta com estações sismológicas instaladas nos municípios de Porto dos Gaúchos, Tabaporã e uma na Serra dos Parecis. As unidades realizam o monitoramento em todo o Estado e entram em contato com a Defesa Civil quando alguma alteração é identificada.
“As estações geram dados que são analisados pela universidade. A Defesa Civil é acionada para avaliar as possíveis áreas de instabilidade, além de auxiliar nos prejuízos e danos causados pelos sismos. Porém, Mato Grosso não corre qualquer risco de um terremoto da magnitude do Chile, por exemplo”.
Dados do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) mostram que este ano Mato Grosso já teve sismos registrados em diversos municípios, como Barão de Melgaço (2.2) Barra do Bugres (2.9), Chapada dos Guimarães (1.4), Cuiabá (1.8), Itiquira (4.0), Juara (2.3), Pontes e Lacerda (2.7) Querência (2.2), Tabaporã (3.1) e Vila Rica (2.5).
No ano passado, o Estado teve seis tremores perceptíveis em cidades como Confresa e Tabaporã. Segundo José Bruno de Souza Filho, os sismos ocorridos em Mato Grosso, geralmente, são registrados em regiões mais afastadas, não atingindo áreas urbanas.
“Na verdade, os tremores e sismos acontecem diariamente. O que difere o alcance deles é não só a magnitude, como também o território afetado. Em Mato Grosso, há uma falha sismológica na região Norte, que propicia um maior número de sismos. Municípios como Água Boa, Alta Floresta, Cocalinho e Porto dos Gaúchos frequentemente têm alterações identificadas”.
Com valores que indicam a magnitude dos sismos de 0 a 10 graus, a escala Richter considera o nível a partir de 5 graus como moderado, podendo causar danos a edificações e tremores de maior potência. Em Mato Grosso, os níveis mais altos já registrados foram em Porto dos Gaúchos (6.2) e na região da Serra do Tombador (6.5).