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Nico Fagundes, autor de “Canto Alegretense” é sepultado no RS

Nico FagundesO corpo do tradicionalista Nico Fagundes foi sepultado no fim da tarde desta quinta-feira (25) no Cemitério João XXIII, em Porto Alegre. Um dos mais respeitados estudiosos da cultura gaúcha, o tradicionalista, folclorista, poeta, historiador e apresentador morreu na noite de quarta (24) de infecção respiratória no Hospital Ernesto Dornelles, onde estava internado há mais de um mês. Ele tinha 80 anos.

Nico Fagundes foi um dos mais respeitados estudiosos da cultura gaúcha. Suas letras e canções já foram gravadas por dezenas de músicos. Ele eternizou clássicos da música regional como “Canto Alegretense” e “Origens” e influenciou uma geração de artistas.

Durante todo o dia, ele foi velado no Palácio Piratini, sede do governo do estado, em Porto Alegre. O ato fúnebre contou com a presença de autoridades, familiares, amigos e fãs. Do lado de fora do palácio, o cavalo Bento, que pertencia a Nico, ficou encilhado. O traslado do corpo até o cemitério começou ao som do Hino do Rio Grande do Sul, entoado por todos os presentes.

Coroas de flores foram expostas por todo o corredor onde estava o jazigo da família. Uma pastora leu um texto em homenagem a Nico. Um fã que disse ter chegado de Viamão fez uma declamação em frente ao túmulo. Por todo o tempo, o chapéu da indumentária gaúcha ficou depositado sobre o caixão.

“O Nico Fagundes é dessas figuras que canalizava em todos os tempos e todas as horas, do simples até a poesia mais sofisticada. Era brincalhão e afável. Foi uma caminhada que ele prestou ao Rio Grande do Sul para valorizar a poesia e a cultura gaúcha. O RS já está em luto, tudo isso vem ao natural. Não precisava decretar luto, mas vai ser feito”, declarou o governador, José Ivo Sartori.

Amigo de longa data, Rodi Pedro Borghetti relembrou as cavalgadas que fez com Nico. Ele compareceu ao velório acompanhado do filho, o gaiteiro Renato Borghetti.

“O Nico deixou um legado muito importante para a cultura do Rio Grande do Sul. Foi o criador dos Cavaleiros da Paz. Andamos 13 mil km a cavalo em vários países. Ele pediu para deixar a bandeira dos cavaleiros no caixão. Conheci na faculdade de direito. Nós convivemos como irmãos. Perdemos um homem fantástico. Ele superou tantas vezes a doença. Ele não queria morrer. Ele deixa legado em todas as áreas. Era multifacetário, e tudo o que fazia, fazia bem”

O senador Lasier Martins (PDT) também relembrou momentos da amizade que tinha com o tradicionalista. “Foi um dos maiores talentos da música e cultura gaúcha. Não apenas do Rio Grande, mas do Brasil. Éramos amigos e Nico era um grande contador de piadas. Ao lado de Paixão Cortes, um dos maiores tradicionalistas desse estado”, declarou.

Sobrinho de Nico, o deputado estadual Pedro Ruas (PSOL) foi mais um a destacar a importância do tio para a cultura gaúcha. “Ele simboliza toda a cultura que nós temos aqui no Rio Grande do Sul. Ele é uma das figuras mais importantes deste estado. Ele foi insuperável como letrista e folclorista. Estabeleceu conceitos sobre a nossa tradição”, exaltou o político.

O velório e a chegada ao cemitério foram marcados por emoção. “Fico arrepiado de me lembrar, ele chegava no palco e levantava os braços e a galera fazia ‘uooo’. O povo se via espelhado nele. De certa forma, não vai morrer nunca. Enquanto tiver uma fogueira, uma gaita, vão cantar a música dele. Me atrevo a dizer que enquanto tiver o Rio Grande do Sul, ele não vai morrer. O estado perdeu um gigante, e eu perdi meu pai”, disse o filho, Antônio Augusto Fagundes Filho, chorando.

Para o filho, o Nico acabou sendo reduzido no imaginário popular por ter apresentado popular por ter apresentado o Galpão Crioulo, da RBS TV, por 30 anos. “Pensavam que ele era só apresentador, mas era escritor, poeta, compositor e um dos cavaleiros da paz. Era uma pessoa extremamente bem humorada, tinha visão apaixonada sobre a terra e sobre as pessoas, e elas devolviam isso a ele. Era muito amado”, lembrou o filho durante o velório.

O irmão de Nico, Bagre Fagundes, disse que mesmo sabendo que o tradicionalista estava doente, a morte pegou todos de surpresa.

“Parece que ninguém sabia que o Nico estava doente. Nós sabíamos, mas não queríamos acreditar. Nossa família gaúcha está perdendo um homem preparado, um compositor e um grande poeta. Disse até em um poema que o sonho dele era ser considerado poeta do Alegrete. Acho que ele conseguiu isso. Para mim, é o melhor. É um momento de tristeza”, declarou.

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