A escolha do nome no núcleo urbano de Alta Floresta foi feita ainda antes do início da implantação do projeto de colonização e antes mesmo da elaboração do plano urbanístico. Em 1974, logo após a compra das terras na região norte do estado, o colonizador Ariosto da Riva acatou a ideia do seu colaborador,coronel aposentado do exército brasileiro José Meirelles, para a realização de um concurso de ideias com o objetivo de escolher do nome da cidade. O próprio coronel se encarregou dos contatos e critérios junto a Rádio A Voz do Oeste e aos jornais de Cuiabá.
O concurso foi aberto a qualquer pessoa da sociedade cuiabana, porém o maior número de participantes estava ligado às escolas da capital. A jovem professora Nelza Luci Asvolinsqui de Faria (foto abaixo), ao ler o anúncio do concurso feito pela rádio, em um jornal de Cuiabá, comentou com seu marido: “Estão fazendo uma cidade no meio da floresta, num lugar muito longe, lá no matão no norte do estado e a rádio está promovendo um concurso para escolher o nome da cidade. Vão pagar um prêmio para o vencedor do concurso […]. Aí meu marido falou: A cidade não será no meio da floresta, será no alto da floresta […] Então eu disse: Pronto, Alta Floresta, este será o nome da cidade. Preenchi a ficha de inscrição do jornal e encaminhei para a rádio. Algum tempo depois, alguém da rádio me ligou avisando que a minha proposta tinha sido classificada em primeiro lugar. Recebi um cheque que, em valores atuais, seria de mais ou menos mil reais”.
A ex-professora nunca esteve em Alta Floresta, nem mesmo conhece o desenho da cidade: “Ouvi falar que é uma cidade bonita, que tem avenidas largas”. Durante os quase 40 anos de existência da cidade, ninguém manteve contato com a autora do nome do município. É de conhecimento dos moradores de Alta Floresta, que o nome foi escolhido através de um concurso em Cuiabá, mas a vencedora do concurso nunca mais foi lembrada. “Talvez depois que eu morrer vão lembrar. Eu gostaria de ao menos conhecer a cidade, se me convidassem me estimularia”, lamenta a ex-professora.
Mesmo sendo esquecida pelas autoridades e pelos moradores de Alta Floresta, a ex-professora estabeleceu uma relação sentimental com aquele lugar e tem orgulho de ter escolhido o nome da cidade. Qualquer notícia sobre o município é vista por ela com muita atenção. “Não importa se é noticia boa ou ruim, leio com muito carinho. Considero as pessoas de lá como meus filhos. Tenho três filhos. E Alta Floresta é como uma filha, que eu não conheço”.