Agora sim: Ontem foi liberada, finalmente, a passagem pela BR 163, que estava fechada por indígenas que faziam várias exigências ao governo federal, dentre elas a exoneração da coordenadora da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Sanna Rochelle Aparecida Silva Sarmento, e melhorias na área da saúde. Os índios reclamam, principalmente, da falta de medicamentos no Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (Dsei) que atende as comunidades da região.
Só que, depois de cinco dias de bloqueio, com alguns momentos de liberação da rodovia, veio à ordem de Brasilia para que a Força Nacional atuasse em conjunto com a Polícia Federal e fizesse a desobstrução da via. Isso aconteceu ontem por volta da 10 horas da manhã e finalmente a ordem foi restabelecida.
Nada contra a reivindicação dos indígenas. Até acho que em alguns casos eles tem razão, se o governo federal estiver pecando, que se faça a pressão necessária para que o problema seja resolvido, no entanto, no caso registrado esta semana em Mato Grosso, fica um forte “odor de politicagem”, já que, reivindicar melhorias é uma coisa, mas exigir troca de comando, é completamente fora de propósito. Ou seja, ponto positivo para o governo federal que manteve a coordenadora e que teve austeridade para impor o fim do bloqueio.
Por meio de redes sociais, chegou a ser divulgado que os indígenas teriam apenas “recuado” e que voltariam com reforço de aldeias próximas à Colider, informação não confirmada, mas também não negada pela PRF. A Força Nacional ficou na região para, pelo sim, pelo não, agir em caso de novo bloqueio, principalmente porque agora, estão acobertados pela ordem de desimpedir qualquer tentativa de barrar a passagem das pessoas.
Ontem fui interpelado pela amiga Rose Saggin, assessora parlamentar na Câmara Municipal, que perguntou-me de maneira bem direta, “qual a maior lei do Brasil, não é Constituição Federal?”. A resposta, claro, foi positiva de minha parte, então a assessora parlamentar emendou, “e o meu direito de ir e vir, como ficou neste caso?”
Isso mesmo, a Constituição garante-nos o direito de ir e vir, mas também garante proteção aos índios e liberdade de reunião e no conflito de direitos fundamentais, invariavelmente os índios têm levado a melhor, só que desta vez prevaleceu o nosso direito de locomoção, e tomara que seja mantido.
A preocupação em fazer valer o direito de ir e vir demonstrado pela assessora parlamentar tem a ver com um problema vivido por uma servidora do Poder Legislativo que, doente, fazendo tratamento em hospital na cidade de Sorriso, foi obrigada a ficar um dia inteiro sob o sol escaldante desta época do ano, parada na barreira montada pelos índios, debilitada por problemas de saúde e sem a menor condição de apoio caso precisasse, podendo até correr risco de morte em função da falta de atendimento, caso precisasse.
No entanto, o relato desta trabalhadora é apenas um dos muitos que se viu durante os dias de bloqueio, de gente necessitando passar para tratar da saúde, à mercadorias sendo perdidas por causa da ação do tempo. E quem vai pagar pelos prejuízos? Será que é difícil responder? “Né não”, quem vai arcar com todo este custo somos nós os cidadãos brasileiros, sejam os que foram atingidos de maneira direta, ou mesmo as pessoas que não precisaram passar por estes dias pela barreira, pagando mais caro por produtos, já que com certeza os fornecedores devem repassar para nós o custo com as perdas registradas nestes dias de bloqueio, ou seja, nós é que “pagaremos o pato”.