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Cerca de 500 pessoas participaram de um manifesto em frente à prefeitura de Carlinda, ontem, para reivindicar o cumprimento da Lei Municipal 675 de 2011, que determina valores que deverão ser pagos pela população, pela aquisição definitiva dos terrenos em que moram, muitos, há mais de 30 anos. A área em questão, 1.546.115,00 metros quadrados, fez parte do processo de falência da Cooperativa de Cotia, e foi adquirida pela GVA Incorporações Ltda, que pagou um valor considerado baixo no leilão e agora está praticando, pelos terrenos que já estavam ocupados, valores bem acima do que prevê a lei municipal.
Na manifestação, a população pressiona o prefeito Geraldo Ribeiro a defender a aplicabilidade da lei municipal, rechaçando assim os preços praticados pela incorporadora. Ribeiro terá a oportunidade de fazer esta defesa no próximo dia 2 de outubro, quinta-feira, quando será realizada uma audiência de conciliação entre Defensoria Pública, em favor dos moradores, o município de Carlinda e a incorporadora. “Considerando a relevância social da presente demanda que versa sobre o processo de regularização fundiária urbana do Município de Carlinda/MT, considerando o teor do artigo 125, IV do Código de Processo Civil e considerando, ainda, que a solução amigável da controvérsia é a medida que melhor atenderá aos interesses sociais e dos requeridos, DESIGNO AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO para o dia 02 de outubro de 2014, às 13:30 horas”, diz despacho proferido pela juíza Milena Ramos de Lima e Souza, em uma Ação Civil Pública proposto pela defensoria pública.
Quanto à manifestação de ontem, o principal objetivo era tentar sensibilizar o prefeito no sentido de defender a proposta da população, que é de cumprir a lei 675/2011 e, pelo menos ontem, a ideia surtiu efeito. Orientado por assessores o prefeito foi até os manifestantes e informou sobre a audiência de conciliação marcada para o dia 2 de outubro e a sua intenção de encontrar um caminho pacífico para a controvérsia.
O vereador Manoel Rodrigues de Souza, Nelo, comemorou o resultado da manifestação. “Com a união de todos e com a força, o prefeito vai atender a população e isso vai acontecer”, afirmou, explicando que, “mais de 30 anos essas pessoas tentando sobreviver, desenvolver o município de Carlinda, e infelizmente chegou essa tal de GVA pra tirar o sono o sossego e a paz destas famílias que estão aqui”, disse Nelo.
Para se ter uma ideia da distorção, a Lei Municipal votada em 2011, prevê, para um lote no bairro Cristo Rei, apenas a tipo de exemplo, valores na ordem de R$ 800,00, mais as correções. Pelo mesmo terreno a GVA quer cobrar em torno de R$ 19.000,00. “Nós queremos pagar é o R$ 800,00, com reajuste, claro, mas é isso que nós queremos”, sentenciou Nelo.
O clima na cidade por causa desse impasse não é nada amistoso. Enquanto a nossa equipe preparava-se para entrevistar a vereadora Eliane Aparecida, um cidadão interpelou-a exigindo que ela tomasse uma postura em defesa do povo. “Vereadora, defende nós agora, eu ouvi a senhora na rádio e foi um pouquinho diferente”, afirmou o morador. Para a reportagem a vereadora disse que irá defender a posição da população, “o povo precisa fazer este manifesto, de forma ordeira, como aconteceu hoje e eu tenho a certeza que o prefeito Geraldo, ele vai olhar pra sociedade e vai dar esse respaldo porque a comunidade nossa está unida”, disse.
O morador Nivaldo Reis, morador do bairro industrial não poupou criticas ao prefeito Geraldo Ribeiro, a quem acusou até de ser o verdadeiro proprietário da GVA. “O prefeito que melhore a sua atuação, saúde, Carlinda não tem, remédios nos postos, você fica lá na farmácia, 10 pessoas que chega não leva remédio, então, prefeito, vai falar com o povo, se o povo confiou nele ele teria que cumprir o que prometeu”, cobrou, afirmando que a defesa que o prefeito faz à postura da GVA o leva a imaginar que a empresa pertence ao prefeito carlindense.
