Trabalhadores ligados à Fetagri/MT – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Mato Grosso, que pleiteiam a regularização de uma área na zona rural de Paranaíta, na chamada Fazenda Filizola, bloquearam a rodovia MT 208, no entroncamento que dá acesso à MT 206, impedindo a passagem de motoristas nos dois sentidos. O bloqueio iniciou por volta das 7 horas e o transito só foi liberado por volta das 10 horas da manhã, após um contato feito entre os agricultores com diretores do Incra em Cuiabá, por intermediação feita por uma equipe de reportagem da rádio Floresta AM. Segundo informações dos lideres do movimento, mais de 200 famílias aguardam há pelo menos oito anos pela regularização das terras “que nunca acontece”.
Segundo Leonora Leão, presidente da associação São Pedro II, já foram feitos pelo Incra, levantamentos na área, sem que houvesse uma finalização do processo. “Queremos simplesmente que o Governo olhe pra gente, são vários anos de batalha, estão brincando com a gente, já foram lá, fizeram levantamento, mas não teve avanços, estamos cansados disso”, disse.
O bloqueio do transito deixou o clima bastante tenso no trevo Chapéu de Couro. Uma equipe de policiais militares de Alta Floresta e de Paranaíta ficava a postos para coibir ações de maior animosidade. Eleandro Cesar Picinini, morador do São José do Apuy estava com sua filha, menor, que precisava embarcar para Barretos – SP, de avião, onde passará por tratamento contra o câncer. Ele negociou com os manifestantes a sua passagem pelo bloqueio, mas já temia pois, na fila de carros, havia algumas pessoas que teriam dito que se ele passasse eles iriam “jogar o caminhão pra cima dos manifestantes” para também forçar a passagem. “Eu entendo a reivindicação deles, mas é minha filha que está correndo o risco de perder o voo”, disse Picinini.
A Polícia Militar interveio junto aos líderes do movimento explicando o que poderia ocorrer caso não deixassem pessoas que necessitavam de apoio medico passarem. Após discussão a pista foi liberada, mas com a promessa de que ainda hoje, ela volte a ser bloqueada caso as autoridades não acenem positivamente com uma solução para os assentados.
O major Edylson, comandante do 8º Batalhão disse que o trabalho da polícia era apenas de coibir maiores problemas. “A manifestação é justa, foi pacífica, foi ordeira, não cometeram irregularidades, estão dentro do que a Constituição prevê, não cabe a policia militar disseminar estas reuniões legais, mas, entretendo no aspecto da segurança pública a gente sabe que tem alguém que fica prejudicado nestas situações”, disse o comandante. “Nós estivemos aqui justamente para tentar mediar esta situação atendendo a questão de segurança, também para resguardar o direito de ir e vir”, afirmou o comandante da Polícia militar.