Alta Floresta, 14 de Julho de 2014.
Sinto-me triste em admitir coisas, as quais eu não gostaria. Mas é impossível empurrar tanta sujeira para debaixo de um tapete, pequeno demais para tal. Lamento, porém seria utopia de minha parte qualquer discurso contrário ao contido nesta carta de repúdio. Uma carta em tom de desabafo.
Desabafo porque não suporto mais cobranças indevidas a respeito de uma tal ‘emenda parlamentar’. E cobram como se esta bastasse para solucionar os problemas enfrentados pelos acadêmicos do curso de jornalismo da Unemat, no campus de Alta Floresta. E o que é mais cômico, cobram de nós, acadêmicos. A estes que compete tão somente o dever de frequentar as aulas e estudar, uma vez aprovados no vestibular, por sinal oferecido por meio de um edital pela própria Universidade. Acadêmicos do referido curso recorreram ao Ministério Público, no último dia 11, para tentar um ponto final neste caos de nível superior. Alguns apareceram na Universidade para estudar vestidos de palhaços. E toda a ‘palhaçada’ não tinha como simples objetivo arrancar risos pelo campus. Muito menos desconstruir a importância da figura do palhaço, conquistada no decorrer de nossa história. Pelo contrário, foi escolhido a dedo e, justamente, pelo respeito presente no personagem. Respeito que infelizmente não é recíproco por parte da Unemat. Situação patética, protagonizada pelos seus gestores em todas as esferas. Gestores que mais parecem preocupados em galgar degraus políticos dentro da universidade do que em cumprir com seus deveres e obrigações. Basta para isso observarmos as notórias perseguições pós-política de eleição da nova reitoria. Basta-nos a constatação de que a qualidade do ensino nunca foi e, está distante de ser, prioridade por aqui. A prioridade é sim o atendimento a interesses meramente particulares, onde na faculdade dos favorecimentos não encontramos sequer um interessado em pelo menos contribuir com um pouco de dignidade à comunidade acadêmica. É muito triste saber que, neste exato momento, se procurarmos por livros na área destinada ao curso de jornalismo, em nossa biblioteca, provavelmente teremos muita dificuldade de encontrá-los. Mais ainda, de saber que recentemente tivemos em sala uma jovem, tentando ser professora (como ela própria se definiu), que parecia mais antenada no WhatsApp e FaceBook, do que no conteúdo que deveria ter ministrado e demonstrava mal ter conhecimento sobre. De saber que esta jamais cumpriu sua carga horária. Faltou mais do que veio. Abandonou a sala em duas oportunidades, após discussão com uma acadêmica e, mesmo assim, contou com a conivência de um colegiado, que julgou o pedido dos acadêmicos ignorando todos esses fatos. Conivência que também obteve do então coordenador do curso, “coincidentemente” seu pai, que por pouco não emprega toda a família na Universidade. Pior ainda é analisar o claro despreparo psicológico e emocional da jovem “professora” que assistiu a um esvaziamento da sala em plena noite de avaliação. 14 acadêmicos deixaram o local e dos que permaneceram e fizeram a prova, metade assinou o ofício em discordância com o modelo didático e o desempenho da “professora”. O ridículo foi receber os resultados das avaliações anteriores e posteriores a este fato. Neles é visível a distribuição de notas na primeira prova aos que ficaram em sala e a consequente redução das mesmas, em até 70% para alguns, ao passo que estes aderiam ao movimento contestando a qualidade da profissional. É com pesar que hoje vemos a ineficiência da professora e a omissão dos que poderiam resolver a questão se transformar em motivos de ‘chacotas’ e ‘piadas’ que envergonham nossa Universidade. Alguns acontecimentos neste campus são tão absurdos, que deixaram de ser absurdos e passaram a ser ‘engraçados’, apesar de não ter graça nenhuma nisso.
Desculpe-me Unemat, mas não poderia deixar de emitir meu desabafo. És tão importante para mim, que não gostaria de ter vergonha em dizer isso no futuro.
Welerson de Oliveira Dias
Acadêmico do 3º Semestre do curso de Jornalismo