Guardiã de um Opala. É como se vê a empresária Deise Floriano, de 26 anos, moradora de Ibirama, SC. Dona de um Opala Comodoro 1978, de quatro cilindros, ela diz que tem o carro como um filho. “Sou muito ciumenta. Eu mesma lavo, posso passar o dia fazendo isso. Só eu o dirijo. De vez em quando, deixo o meu pai pegar, no máximo”, conta. E tudo isso tem uma razão. “Acredito que, quando você possui um carro antigo, você está preservando sua história, originalidade, e está em suas mãos conservar essas lendas”, afirma.
O interesse de Deise por carros antigos vem de família. Ela conta que seu irmão é apaixonado por Fuscas e Kombis. Porém, ela nunca se deu bem com esses modelos. “Tentei dirigir um Fusca. Não tinha nenhuma experiência em conduzir um carro antigo e não deu certo. Não consegui. Mas, quando peguei o Opala, foi amor à primeira vista”, conta.
Porém, como em toda relação, surgiram percalços no caminho. “Foi um desafio muito grande ‘aprender’ a dirigir o Opala. Ele não tem direção hidráulica, é grande. Tanto que eu coloco uma almofada para conseguir alcançar os pedais, já que tenho só 1,57m. Todo mundo que tem o carro desta série reclama que ele é grande, até quem é bem mais alto que eu. Não facilita”, relata.
Para conseguir ter um Opala só para ela, Deise foi buscar o seu carro na cidade de Curitibanos, SC, em 2011. O veículo já restaurado ficava em exposição em uma concessionária da General Motors e era a combinação perfeita para a jovem. “Ele é exatamente do mesmo ano de inauguração dessa concessionária. Para comemorar os 20 anos de funcionamento, eles restauraram o carro todo”, conta. Ela só precisou fazer alguns ajustes para deixá-lo como novo. “Tem uns detalhes nos emblemas que eu mesma pintei. Já que não achei para comprar, coloquei a mão na massa“, conta.
A cor da lataria também é outro ponto curioso da história deste Opala. Deise descobriu, com a ajuda de um fórum de amantes de Opalas no Paraná, que a tinta imita a coloração laranja que começou a ser usada para pintar modelos que saíram somente no ano de 1979. “Eles me disseram que a cor é de 1979, mas que é muito parecida com a de 1978. Então nisso eu não quero mexer. Pode ser que eu nunca encontre um tom tão parecido. A lataria está boa”.
Sobre a quilometragem, o odômetro só registra 78 mil quilômetros. Deise acredita que não seja o número correto. “É pouco. Mas dizem que, quando o Opala chega em uma quilometragem, ele zera”. A suposição da jovem pode ser correta, confirma o colunista do G1, Denis Marum, especialista em mecânica. “O odômetro deste carro realmente pode ter ‘virado’, ou seja, ele rodou até o fim e começou a marcar novamente”, relata.
Deise também suspeita que o motor 4 cilindros foi trocado em algum momento da vida de seu Opala, mas não tem como confirmar. “Quando comprei, disseram que era o original. Tentei descobrir, mas não consegui”, lamenta.
O amor pelo Opala também uniu Deise ao noivo Fabrício Adami. Eles já se conheciam antes e a garota sabia que Fabrício compartilhava a mesma paixão. “Ele só comprou um do modelo Diplomata, ano 1991, de 6 cilindros, quando começamos a namorar. Existe uma briguinha entre amantes de Opalas 4 cilindros e 6 cilindros. Então, a gente também tem uma pequena rusga por causa disso”, brinca.
Ao sair com o veículo, Deise diz que chama a atenção. “Aqui na minha cidade, que é pequena, eu saio com o Opala para ele ‘passear’, para não deixá-lo parado. E as pessoas se espantam”. Mas ela faz questão de mostrar o seu xodó e quebrar os padrões. “Eu também o levo em encontro de carros antigos, onde eu era a única mulher por muito tempo. Com certeza, alguns acham que não é meu”, afirma.
Fonte:Globo.com