A adolescente Giovanna Victorazzo, 14 anos, encontrada morta ao lado da irmã Paola Victorazzo, 13 anos, no último sábado, disse em seu perfil no Twitter, no dia 9 de setembro, que teve uma conversa tensa com sua mãe, a corretora de imóveis Mary Vieira Knorr, de 53 anos, apontada como a principal suspeita pelos assassinatos. “Tive um papo tenso com a minha mãe”, disse a jovem, sem detalhar o assunto abordado.
Assídua usuária da rede social, ela detalhava a sua relação diária com a mãe. Nos últimos dias, Giovanna falou dos atritos que teve com Mary e até sobre uma vontade de sair de casa. “Se minha mãe não deixar eu sair no final de semana por motivos de ‘Os remedios, bla bla bla gripe bla bla bla’, sumo de casa. Ahhahaha”, comentou a jovem, que estava gripada no dia 21 de agosto.
Citando discussões normais entre mãe e filha, ela não deixava de criticar as ordens dadas pela mãe que, aparentemente, tinham relação com o desempenho escolar da filha. Segundo retratam as publicações, Giovanna estava sem o celular nos últimos tempos. “Minha mãe poderia vir aqui, ver a minha nota de matemática e me entregar meu cel”, disse ela em outra publicação, postada no dia 29 de agosto.
Se dizendo ótima aluna de matemática, ela gostava de faltar em algumas aulas, como relatou em um dos seus últimos comentários. Porém, apesar da facilidade em exatas, o sonho da jovem era ser médica, como publicou em sua conta no ASK.FM, uma rede social de perguntas e respostas. “Acho que algo no campo de medicina (ou Forense, ou veterinária…) e talvez biologia”, falou sobre a profissão que deveria seguir.
Na mesma rede social, a jovem revelou que já havia feito tratamento com psicólogos, sem revelar detalhes. Esse tratamento, aliás, virou motivo de discussão entre mãe e filha no dia 22 de junho. “Minha mãe quer me matar pois não vou a psicóloga hoje :)) Não sei nem pq ela marcou, ela fez isso escondid (…), já sei o motivo”.
Foi pelo Twitter que a adolescente mais reclamou da mãe. No dia 27 de agosto ela xingou a mãe e repetiu o comentário dois dias depois, alegando que gostaria de sair de casa. “N(ão) AGUENTO MAIS A MINHA MAE P., VSF. NOSSA FUI BURRA E N(ão) PEDI P(ara) IR (para) O MEU PAI. QUERO MUDAR DAQUI”, desabafou.
No dia da primeira discussão, aliás, Giovanna relatou que iria tentar burlar o recebimento de mensagens do celular da mãe para poder usar o cartão de crédito. “Vou restringir a chegada de SMS’s do banco no cel da minha mãe e usar meu cartão”, falou. Em outros posts, a jovem não relatou se realmente fez isso.
A reclamação sobre morar com a mãe era recorrente. No dia 22 de junho ela falou sobre dividir o mesmo teto com sua genitora. “Se eu ficasse mais um segundo na mesma casa que a minha mãe iria assassinar ela. Casa de pai é refugio”, disse.
Porém, apesar da relação conturbada, uma das últimas mensagens sobre sua mãe citou um possível passeio no shopping e a entrega do celular. “Ai sua mãe fala que amanhã vai te dar seu cel, vai fazer compras com vc no shopss (sic) e vai te dar td q vc quiser. Pqp, doente <3”, disse a adolescente, na última terça-feira.
Porém, no mesmo dia, a adolescente publicou um post misterioso sobre a morte. “Gente, ninguém me entende quando eu falo que queria morrer e ver a reação das pessoas aqui na terra, sempre quis ver varias coisas”, falou.
Morte em família
As adolescentes Giovanna Knorr Victorazzo, 14 anos, e Paola Knorr Victorazzo, 13 anos, foram encontradas mortas no sábado na casa onde moravam, no Butantã, na zona oeste da capital paulista. Segundo a Polícia Militar, a mãe das vítimas, a corretora de imóveis Mary Vieira Knorr, 53 anos, confessou o crime a policiais, que invadiram a residência na rua Doutor Romeu Ferro para impedir que ela cometesse suicídio. O cão da família também foi morto pela agressora.
De acordo com o tenente Santana, que atendeu a ocorrência, o filho mais velho de Mary acionou a Polícia Militar, relatando que não estava conseguindo entrar em contato com a mãe por algum tempo. “Ele relatou que ela estaria tentando se suicidar. A equipe entrou na residência com o apoio dos bombeiros, e encontramos a mulher muito perturbada. Falou algumas coisas das filhas, que passava por problemas financeiros, mas estava muito confusa”, relatou o PM.
FONTE: Terra