Faltavam 48 horas para o fim do período de arrecadação, mas Diogo Silva e Marcio Wenceslau não haviam conseguido a verba necessária. Inscritos no projeto Pódio Brasil, site que pede contribuições em dinheiro para financiar a participação de atletas em competições, os dois lutadores de taekwondo buscavam fundos para o Aberto da Rússia. Quando não acreditavam mais que teriam sucesso, viram a meta de R$12,5 mil ser atingida. Logo depois, porém, Diogo foi diagnosticado com uma fissura no peito do pé direito. A viagem, então, foi abortada. Agora, enquanto se recupera, o lutador, ouro no Pan do Rio, se dispõe a devolver o dinheiro a quem os apoiou, mas conta com a verba para disputar o Grand Prix de Londres, em dezembro.
Diogo tem duas grandes competições pela frente. O Mundial Militar, em outubro, no Texas, e o Grand Prix de Londres. A competição em dezembro não estava prevista no acordo com a Petrobras, patrocinadora do taekwondo brasileiro. Por isso, os custos devem ser arcados pelos lutadores. Diogo e Marcio, então, planejam usar a verba arrecadada na internet para bancar a inscrição.
– É uma coisa que é do esporte, essa lesão aconteceu durante o processo de captação. O processo de financiamento é muito novo. Nós somos os dois primeiros grandes atletas a participar, muitas pessoas são leigas de como funciona. Nós mandamos um e-mail para todos que investiram, que fizeram o financiamento. Dissemos que é de livre arbítrio, podem manter o investimento ou pedir o dinheiro de volta. Como foi uma fatalidade, não queremos perder a credibilidade. Como isso aconteceu e o dinheiro já está depositado, mandamos esse e-mail.
Até agora, porém, nenhum torcedor pediu o dinheiro de volta. Para Diogo, isso mostra a confiança no trabalho da dupla.
– Ninguém pediu (o dinheiro de volta). Isso é importante porque mostra que as pessoas confiam no nosso trabalho. Foi um acidente de trabalho, não foi algo que a gente pensou fazer – disse o lutador.
Por conta da lesão, Diogo tem feito treinos um pouco mais leves, tentando não ter contato com o pé machucado. Na teoria, o lutador poderia competir, mas correria o risco de agravar o problema.
– Fiz uma competição no fim de julho. Depois, saímos de férias e fiquei sentindo dores no pé. Fiz o exame agora e foi diagnosticada uma fissura no peito pé direito. O médico disse que não é uma lesão grave, é simples de resolver. Mas é o tipo que, se tomar uma pancada forte, pode agravar, pode virar uma fatura de verdade. O médico recomendou aguardar um tempo de duas a quatro semanas. Já estou assim há dez dias.
O site de financiamento funciona por divisão de cotas entre R$ 85 e R$ 650. Em troca, os fãs recebem quimonos, luvas e outros artigos esportivos. Antes, Talisca Reis, musa do taekwondo brasileiro, também já havia conseguido fundos para uma competição através do projeto.
Fonte: Globoesporte.com