Vítima de estupro e alvo de 15 facadas depois de tentar abastecer sua motocicleta num posto de combustíveis em Várzea Grande, a jovem Laís dos Reis, de 21 anos, completou no domingo (14) uma semana de internação numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC), sem previsão de quando será retirada do estado de coma induzido devido à necessidade de desinchaço do cérebro.
A informação é da mãe de Laís, a comerciante Ivone Luzia dos Reis. Ela demonstra preocupação com o processo de recuperação da filha e tenta se animar com alguns sinais: a jovem lhe apertou a mão durante a última visita à UTI, mas a mãe pondera que o movimento pode ter sido meramente uma reação involuntária da paciente, que sofreu uma brusca desoxigenação do cérebro.
Revoltada com o estado de saúde de Laís, Ivone criticou a capacidade de investigação da polícia – que estaria muito morosa nas buscas pelo suspeito até agora – e se mostrou indignada com as suposições de que sua filha teria ido ao posto de combustíveis na noite do último dia 7 para fazer um programa com o agressor.
O crime ocorreu por volta das 23h do dia 7 na área de um posto de combustíveis localizado na região da Rodovia dos Imigrantes (MT-407), dentro do perímetro urbano de Várzea Grande. Ao lado do posto, há um restaurante e uma galeria com uma sala vazia que acabou se tornando na cena do crime. Após tentar abastecer a moto, Laís foi estuprada na sala vazia da galeria por um funcionário do restaurante que, após abusá-la, tentou matá-la com várias facadas.
No dia seguinte, a Guarda Municipal chegou a prender um homem que seria o suspeito de cometer o crime, mas depois ficou esclarecido que a polícia o confundiu devido a uma tatuagem semelhante no braço esquerdo.
No mesmo dia, a Polícia Civil informou que indícios apontavam para a possibilidade de Laís já conhecer seu agressor; ela teria ido ao local, na realidade, para se encontrar com o suspeito, segundo a polícia – ou porque se relacionava com ele ou porque estaria indo fazer um programa com ele. Desde então, nenhuma outra novidade foi divulgada a respeito das investigações e das buscas pelo agressor.
A delegada Eliane da Silva Moraes, da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, da Criança e do Idoso, que considera normal a indignação externada pela mãe da vítima, mas pondera as circunstâncias da investigação.
Segundo a delegada, o caso foi repassado à divisão especializada de defesa da mulher muito tempo após a fuga do suspeito (que nem é mato-grossense), apenas na segunda-feira seguinte ao crime; durante o plantão de fim de semana, a Polícia Civil não realiza investigações, apenas cumpre diligências mais pontuais, esclarece. Ela lembra também que nenhum familiar da vítima chegou a procurar a Delegacia da Mulher para prestar detalhes que possam auxiliar no caso.
Já sobre a hipótese de que Laís foi encontrar-se com o próprio agressor, Eliane reforça que o ponto mais importante da investigação no momento é justamente desvendar o que a jovem estava fazendo no local, pois não há qualquer sinal de que foi levada à força para a cena do crime. Se ela estava fazendo um programa ou tinha um relacionamento com o agressor, essas são apenas hipóteses que polícia tem de considerar no inquérito.
Fonte: G1