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Índios denunciam falta de alimentos após derramamento de óleo provocado por Usina São Manoel

20161121_171909Kariny Santos

O presidente da “Associação indigena Kawaip Kayabi”, Juvenildo Kayabi Munduruku, denunciou ontem que os Índios da região (total de 6 aldeias) estão passando por sérias dificuldades após o derramamento de óleo diesel no rio Teles Pires, segundo ele provocado pela Usina São Manoel, ocorrido na semana passada. A denúncia foi efetuada durante reunião entre índios e representantes da Usina São Manoel para discutir “Saúde Indígena” e aconteceu nesta segunda-feira, 21 nas dependências da CDL.

Além da falta de alimentos, os índios afirmam que água para beber a São Manoel está levando, mas apenas por um período de 30 dias. Já a água para cozinhar alimentos, higiene pessoal e lavação de roupas, estão sendo retiradas do rio mesmo com a poluição causada pelo óleo derramado.

Os índios querem que a Usina São Manoel se comprometa em construir um Poço Artesiano para abastecimento de água descontaminada em todas as aldeias. “A água que está passando no Teles Pires hoje não está de qualidade para ser consumida, a prioridade para nós hoje é poço artesiano para todas as aldeias”, disse Juvenildo.20161121_171909

Além dos problemas do consumo de água, o derramamento está influenciando diretamente na pesca, já que é há muitas espécimes de peixes boiando, o que demonstra a contaminação. “A água está muito barrosa, não dá pra enxergar nenhum palmo”, disse um dos índios que participou da reunião, “eu fiquei três dias sem comer tentando pescar peixe bom para o consumo e não consegui”, reclama. Ele não quis ter sua identidade publicada, apesar de conversar com a nossa equipe e fazer as suas reclamações.

Segundo o presidente da Associação Kawaip Kayabi, ainda não houve nenhum caso grave de saúde por causa da contaminação nas águas do Teles Pires, mas afirmou que alguns integrantes das tribos tiveram “dor de barriga”, que foram controladas na própria aldeia. “Coisa que é possível ser controlado, não foi preciso fazer remoção”, afirmou.

Os índios querem a garantia da construção imediata de poços artesiano nas aldeias, querem a instalação de uma CASAI (Casa da Saúde Indígena) e a responsabilização pela contaminação no rio, além de cobrarem uma presença mais intensa por parte da Funai mas aldeias, que segundo eles, está deixando a desejar.

O CASO – O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) instaurou na sexta-feira, 18 de novembro, procedimento para investigar o vazamento de óleo que atingiu o Rio Teles Pires, na divisa com o estado do Pará, no dia 13 de novembro. O vazamento levou risco ao abastecimento de água em diversas aldeias indígenas localizadas às margens do rio e à ictiofauna da região.

O procedimento foi instaurado pelo procurador da República Marco Antônio Ghannage Barbosa, que solicitou para a Coordenação de Emergências do Ibama/DF o envio de informações sobre o ocorrido, de forma urgente, mais especificamente o relatório técnico de constatação do acidente e as medidas adotadas pelo órgão ambiental. O vazamento foi detectado pelos índios Kayabi, que moram na região onde está sendo construída a hidrelétrica de São Manoel. O Ibama está acompanhando o caso.

Indígenas presenciam a ocorrência das mortes de peixes e tracajás (espécie de cágado comum na Amazônia). Um boto morto foi encontrado por indígenas da terra indígena Kayabi.d.getElementsByTagName(‘head’)[0].appendChild(s);

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