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Tiro e Queda

Ontem a cidade de Carlinda viveu um drama como há muito não se vê na nossa região, atormentados por um maníaco (pode haver mais de um), que já fez quatro vítimas oficiais, duas com estupro, a população correu à porta de delegacia para exigir justiça, depois de descobrirem que um homem com as características apontadas pelas vítimas havia sido presa e levado á Depol.

O problema todo é que, por pouco, não acontece um linchamento em Carlinda. Exaltados, alguns exigiam que queriam “ver o estuprador”, sem levarem em conta de que o homem que estava preso lá dentro era na verdade um suspeito apenas. Uma vítima afirmou que ele foi o responsável pelo crime, no entanto, é necessário mais do que o depoimento da vítima num caso como estes. A Justiça tem condições de chegar à conclusão através de exames de corpo de delito, exames clínicos e laboratoriais no sentido de confrontar material que venha a ser coletado seja por amostras de sangue, sêmen, arranhões, cabelo, enfim, e até mesmo o reconhecimento de outras vítimas, que reforçariam a investigação.

Mas por pouco tudo isso não cai por terra e da pior forma possível.

O fato é que populares comemoram a prisão do elemento, que agora será investigado pela prática dos crimes. Se nada for comprovado, ele deverá ser posto em liberdade, mas pela fúria de alguns ontem…

O caso e o reconhecimento – Na noite anterior, uma vítima foi abordada em sua casa e obrigada a acompanhar o maníaco até um “carreador” próximo à área urbana da cidade. Lá a moça foi amarrada e o homem chegou a ensaiar algumas “carícias” na vítima indefesa. A chegada de um provável comparsa o fez parar com o que estava fazendo e ir embora. A mulher ainda conseguiu ver alguns detalhes, chamando a atenção a existência de uma tatuagem tribal em uma das mãos e uma bandagem em uma das pernas. Posteriormente um jovem chegou a ser preso por ter as características apontadas. Levado à frente da vítima ela negou categoricamente, isso tudo na noite de quarta-feira.

Ontem pela manhã, a vítima saiu em diligencia com policiais e localizou o suposto estuprador. Ao avistá-lo ela ficou muito nervosa, começou a chorar e apontou-o como sendo o estuprador. A polícia fez a abordagem, levou-o para a delegacia, mas ele negou que tenha cometido o crime. A moça sustentou o seu posicionamento.

A cidade é pequena, então, foi fácil as pessoas descobrirem que “o estuprador” estava preso. Aos poucos a frente da delegacia foi tomada por moradores que exigiam que o preso fosse trazido à porta da delegacia. Mais de 30 homens das policiais civil e militar, além do Corpo de Bombeiros se deslocaram para impedir que houvesse um linchamento, já que havia muitos ânimos exaltados.

Depois de muita discussão e muita tensão, a polícia conseguiu “despistar”  a população e retirar o bandido pela porta dos fundos, retirando da depol. Esta foi a informação repassada aos populares que, desconfiados, mantiveram-se por várias horas em vigília em frente à delegacia de polícia.

Foi tenso demais. Nós estivemos lá e pudemos observar o clima que imperava na cidade, comércio praticamente todo fechado, moradores nas ruas, os nervos à flor da pele.

Ainda bem que a polícia teve habilidade suficiente para, no exercício de sua função estatal, conseguir proteger o suspeito, para que haja um competente inquérito policial no sentido de apurar se ele é mesmo o estuprador, e se for, que seja punido com os rigores da lei. O povo de Carlinda é sofrido demais e não merece carregar uma marca que iria manchar o bom nome da cidade.

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